Proposta é que as fundações de apoio possam atuar no exterior como entidades “vivas” disputando mercado como outras entidades estrangeiras similares
Como alternativa para reduzir a migração de pesquisadores brasileiros para o exterior e de proporcionar mais dinamismo à atividade de pesquisa científica e tecnológica do Brasil, o promotor de Justiça Titular da 1ª Promotoria de Justiça de Fundações do MPRJ, José Marinho Paulo Júnior, defende a internacionalização das fundações de apoio de Instituições Federais de Ensino e Pesquisa (IFES) e de demais Instituições de Ciências e Tecnologia (ICTs).
A proposta é de que, na prática, as fundações de apoio possam colocar bases no exterior para alavancar recursos e apoiar pesquisadores brasileiros em terras estrangeiras.
“A ideia é que elas possam abrir uma filial lá fora, onde seria realizada toda a sua parte financeira e, nesse caso, o professor/pesquisador poderia ser sediado no exterior como pesquisador dessa fundação de apoio. Não seria algo diferente do que já se faz hoje (no Brasil)”, explicou. “Para que nossos pesquisadores não precisem mudar de país para receber uma bolsa lá fora para produzirem conhecimento, que pode ser feito além de nossas fronteiras, e que o Brasil não perca a particularidade desse conhecimento”, sugere.
O entendimento do Promotor é de que as fundações de apoio são essenciais à atividade de pesquisa e de inovação no Brasil. “O Ministério Público do Rio de Janeiro tem plena consciência disso e o nosso papel é de incentivar que elas floresçam muito mais”, analisou Paulo Júnior. “Sabemos que o Brasil perde cérebros, sabemos da importância da pesquisa e, igualmente, da importância das fundações de apoio para o fomento às pesquisas”, observa.
Um levantamento do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CCGE), em 2022, revelou que pelo menos de 2 a 3 mil pesquisadores brasileiros estavam no exterior, em busca de oportunidades em instituições estrangeiras em decorrência das fortes restrições orçamentárias, dos efeitos da pandemia e da crise econômica dos últimos anos.
Regulamentadas pela Lei 8.958/94, as fundações de apoio, em termos práticos, são catalisadoras de recursos para instituições de ensino superior visando o desenvolvimento científico e tecnológico do País. Elas são entidades de direito privado monitoradas pelos Ministérios Públicos Estaduais e do Distrito Federal.
O CONFIES, que completará 35 anos – em 18 de dezembro de 2023 –, representa hoje 101 fundações de apoio que gerenciaram cerca R$ 9 bilhões de reais no ano passado (oriundos dos setores público e privado) de mais de 26 mil projetos científicos e tecnológicos conduzidos por 286 instituições apoiadas.
Novos horizontes
A proposta do Promotor do MPRJ é de que as fundações de apoio possam atuar no exterior como entidades “vivas” disputando mercado como outras entidades estrangeiras similares. Como exemplo, ele mencionou os casos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Fundação Centro de Estudo do Comércio Exterior (Funcex), que montaram filiais internacionais “em busca de um resultado positivo”.
No exterior, segundo disse o Promotor, a FGV tem a filial alemã, onde existem dezenas de projetos em curso, ocupando uma fatia do mercado europeu. Já a Funcex tem uma filial sediada em Cascais e outras três ou quatro distribuídas em Portugal, conforme esclarece. “A fundação vai ao exterior como se fosse uma empresa lutar por mercado, os profissionais que atuam lá recebem em valor de mercado e trazem resultados positivos e fomento para os fins sociais dela no Brasil”.
Dessa forma, o Promotor entende que que as fundações de apoio às IFES e ICT´s que possuem “grande produção científica” poderiam implementar projetos semelhantes no exterior. “Esse é um caminho para elas capitalizarem o produto que elas têm de forma empresarial, com valor de mercado, para que depois possam fomentar as atividades sociais delas em nosso País”, defendeu. “Um grande professor/pesquisador de renome internacional não ficaria mais ‘confinado’ às nossas fronteiras. Ele poderia ir para outro país por meio da filial de uma fundação de apoio, ser contratado e remunerado com valor de mercado, e o resultado positivo de sua pesquisa voltaria ao nosso País, no final”.
Pedidos sob análise
O MPRJ e o CONFIES avaliam que esse é um bom momento para encaminhar o tema. “Debatemos no 6º Congresso do CONFIES a possibilidade de abrir essa perspectiva que ainda é incomum no cenário brasileiro, mas que é o caminho que poderá trazer muita riqueza para as fundações de apoio, principalmente as que têm produção científica. Porque esse é um produto que está maduro para ser oferecido lá fora”.
Ao analisar se a Lei das Fundações de Apoio (8.958/94) permite a internacionalização do setor, o promotor explicou que cada caso é um caso, já que isso dependerá da análise estatutária e de uma autorização do Ministério Público do Estado onde a fundação é sediada.
“Havendo um pedido de internacionalização, o Ministério Público o analisará para ver se existe alguma barreira legal, normativa ou estatuária. Mas, no Ministério Público, vemos com bons olhos esse caminho para o Brasil, que tem seus pesquisadores, mostrar isso ao mundo”.
O Promotor disse ainda que a inauguração da Casa do Rio de Janeiro em Portugal, com apoio da Prefeitura de Cascais e da Funcex Europa, abre espaço para que brasileiros possam contar com um ponto de distribuição de seus produtos no mercado europeu.
Análise do CONFIES
O Presidente do CONFIES, Antônio Fernando Queiroz, analisou a proposta do Promotor e acrescentou que a sugestão reflete o reconhecimento ao trabalho sério das fundações de apoio, que já se mostram maduras para que essa prática possa efetivamente ocorrer no exterior. Além disso, Queiroz vislumbrou também, através da entrevista do Dr. José Marinho, uma provocação para que as fundações de apoio possam explorar todo o seu potencial, inclusive aquele relacionado com a produção de pesquisa e inovação por elas próprias, sem, contudo, deixar de cumprir a sua vocação originária de apoio às IFES e ICTs. Por fim, Queiroz reafirmou o compromisso do CONFIES de estar ao lado das fundações de apoio que decidirem dar esse passo em direção ao mercado internacional.
Atendimento à imprensa
Viviane Monteiro/CONFIES
Instituições discutiram a temática “Incorporação das Fundações de Direito Privado na Chamada Administração Pública” no último dia do 6º Congresso do CONFIES
O papel estratégico das fundações de apoio na atividade de pesquisa e de como as afiliadas ao CONFIES podem ajudar o País a tirar do papel projetos científicos e tecnológicos –, além de contribuir com a implementação da política de neoindustrialização – foi a tônica do último debate do 6º Congresso Nacional do CONFIES, na sexta-feira, 01 de dezembro, na Fundação Finatec/UnB.
A temática discutida foi “Incorporação das Fundações de Direito Privado na Chamada Administração Pública”.
A mesa de debate reuniu a Titular da Secretaria de Educação Superior (SESU), do Ministério da Educação (MEC), Denise Pires de Carvalho; a Reitora da UnB e Presidente da Andifes, Márcia Abrahão Moura; e a Secretária-Executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS), Verena Hitner Barros; enquanto que a mediação ficou a cargo da Diretora da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica (FAPUR)/UFRRJ, Clarissa Oliveira da Silva, que também é membro do Conselho Fiscal do CONFIES. Ainda participaram o Presidente do CONFIES, Antônio Fernando Queiroz.
Na mediação do debate, Clarissa defendeu o avanço do projeto de neoindustrialização, uma das prioridades do governo federal para estimular a economia verde em meio às fortes oscilações climáticas. Ao mesmo tempo, ela chamou a atenção para o papel positivo das fundações de apoio tanto na gestão de recursos da atividade de mais de 285 instituições de ciência e tecnologia (IFES e ICTs), como na administração de projetos de ensino e pesquisa, desenvolvimento institucional e inovação tecnológica.
Clarissa apresentou, em gráficos, a evolução da receita recorde captada pelas afiliadas ao CONFIES nos últimos seis anos, saltando de R$4,7 bilhões, em 2017, para R$8,7 bilhões no ano passado. Esses valores se avolumaram principalmente no período da pandemia (ver o gráfico ao lado).
Já a titular da SESU, Denise de Carvalho, que foi Reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembrou do período da pandemia que foi marcado pelos significativos cortes orçamentárias das universidades, e também que muitas fundações de apoio nessa fase puderam garantir o fomento à atividade de pesquisa das apoiadas.
“A pesquisa não parou em nenhum momento”, lembrou. “As universidades perderam recursos, enquanto as fundações mantiveram suas receitas. Se o nosso recurso tivesse caminhado, pelo menos, no mesmo patamar, talvez as fundações de apoio tivessem recolhido R$10 bilhões”, analisou.
De acordo com a titular da SESU, a engrenagem do ecossistema da ciência só funciona mediante a participação das fundações de apoio. “Que as fundações de apoio sejam capazes de captar mais do que o discricionário das universidades. Precisamos desse ciclo que é virtuoso, entre sociedade, universidade e empresas; e precisamos de mecanismos como aqueles operados pelas fundações de apoio. Se não for assim, essa engrenagem fica travada”, defendeu.
Denise defendeu ainda o avanço dos fundos patrimoniais. “As fundações de apoio também precisam pensar nos fundos patrimoniais porque quanto mais recursos tivermos mais recursos vamos gerar.”
Legislações arcaicas
Em outra frente, o presidente do CONFIES, Antonio Fernando Queiroz, defendeu flexibilização das legislações da Capes e do CNPq permitindo que as fundações também possam auxiliar em outras áreas do importante ambiente de inovação criado a partir do Marco Legal de C, T&I. “O CNPq e a Capes ainda aplicam legislações extremamente obsoletas, e consideradas fora do contexto daquilo que preconiza esse marco de inovação estabelecido a partir da Emenda Constitucional nº 85 de 2015, que prevê, dentre outros benefícios para a sociedade, o incentivo à constituição de ambientes favoráveis à inovação e às atividades de transferência de tecnologia, o que tem dificultado enormemente a movimentação de recursos de projetos de pesquisa por esses importantes organismos de fomento do governo brasileiro”, criticou Queiroz, também Professor Titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Diretor da Fundação FAPEX. Ele citou como exemplo um caso na Bahia onde um pesquisador chegou a pensar em devolver R$ 8 milhões recebidos do CNPq para um projeto de Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), por ver com muita dificuldade o fato de não conseguir administrar tais valores em sua própria conta bancária. Isso porque a legislação do CNPq impede que uma fundação de apoio faça a gestão dos recursos liberados para o pesquisador.
“Precisamos de união, porque a união de esforços e a perfeita interação de todas as esferas institucionais primárias (universidade/academia, indústria e governo) são fundamentais para que possamos desenvolver a pesquisa, a inovação tecnológica e o empreendedorismo para o bem do nosso País”, destacou o presidente do CONFIES.
Pleito das Fundações de Apoio
O Presidente do CONFIES aproveitou ainda o debate para reforçar o seu pedido de apoio à proposta do CONFIES, já encaminhada ao Congresso Nacional, prevendo um novo marco regulatório das fundações. O Objetivo dessa proposta é substituir a atual legislação (8.958/94), considerada antiquada, para abrir espaço para mais segurança jurídica e melhorar mais o ambiente da pesquisa brasileira.
“A pós-graduação do Brasil tem 60 anos e a lei em vigor das fundações de apoio tem 30 anos. Ou seja, a legislação das fundações de apoio precisa evoluir e acompanhar os avanços da legislação que instituiu o Marco Legal de CT&I (Lei nº 13.243/2016) e, assim, poder atender às necessidades das universidades e ICTs e desenvolver processos na nova era de industrialização”, defendeu o Presidente do CONFIES.
Por sua vez, a Reitora da UnB e Presidente da Andifes, Márcia, também saiu em defesa da relação entre universidade e fundação de apoio. “Temos uma excelente relação com a FINATEC, no caso da UnB, e tenho certeza de que isso acontece nas demais universidades”, disse. “Essa é uma parceira fundamental não somente para captação e execução de recursos, mas para o próprio desenvolvimento das pesquisas. Se houve financiamento permanente faríamos muito mais.”
No caso do projeto de atualização da Lei das Fundações de Apoio, Márcia lembrou que a Comissão de Ciência & Tecnologia e Empreendedorismo da Andifes já analisou a proposta e a discutiu com o CONFIES. “Fizemos algumas sugestões e é preciso avançar dos dois lados. Tem de ser bom para todo mundo e também para o parceiro que vai financiar a pesquisa”, recomendou.
Despesas operacionais e administrativas
Em sua participação, a Presidente da Andifes considerou ainda necessário o pagamento da chamada DOA às fundações de apoio, um dos pontos levantados no debate. “Os órgãos que financiam querem a pesquisa, o resultado, cobram prazo, mas não querem pagar o valor merecido. Muitas vezes não é nem o valor que cobre todos os custos. Muitas vezes é um valor básico para viabilizar a pesquisa e o resultado tanto para o pesquisador como para o órgão ou empresa. A nossa felicidade é termos fundações tão estruturadas nos apoiando, isso para nós é fundamental.”
Já a Secretária-Executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS), Verena Hitner Barros, considerou extremamente positiva sua participação no 6º Congresso do CONFIES. Na ocasião, ela convidou o CONFIES para participar de um grupo de trabalho criado recentemente pelo CNDI para aprimorar as ações de neoindustrialização.
“Essa é uma oportunidade de fazermos esse debate no espaço da indústria. A gente sempre fez debate no espaço acadêmico, mas trazer esse debate para dentro do espaço produtivo é muito oportuno”.
Oficina destaca importância do tratamento de dados e dos programas de integridade para as fundações de apoio
▶️Ministrada por Bruno Oliveira e Valério Pedroso, oficina tratou sobre diferentes aspectos sobre E-Social, LGPD e Compliance
Como parte da programação do 6º Congresso Nacional do CONFIES, a Oficina Atualizações sobre E-Social + Atualizações sobre a LGPD + Compliance, realizada no dia 30 de novembro, abordou questões importantes relacionadas ao tratamento e à segurança dos dados assim como aos programas de integridade nas fundações de apoio. A oficina, que contou com a presença expressiva dos participantes do CONFIES, foi ministrada em duas etapas por Bruno Oliveira (FAPEX) e Valério Pedroso (Finatec).
O primeiro momento foi marcado pelas discussões relacionadas ao E-Social, plataforma do governo federal que visa unificar informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas. O gerente de sistemas da FAPEX – Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (BA) –, Bruno Oliveira, apresentou as principais preocupações das fundações no que diz respeito ao E-Social, tais como prazos exigidos, especificidades quanto ao tipo de vínculo, acompanhamento dos colaboradores vinculados aos projetos administrados, dentre outras.
Bruno Oliveira iniciou sua fala com um “quiz” para testar os conhecimentos dos participantes sobre regras e parâmetros da plataforma e posteriormente apresentou aspectos que necessitam de maior atenção por parte dos departamentos de gestão de pessoas das fundações.
Segundo Bruno Oliveira, ainda que o E-Social tenha tornado as exigências mais rígidas, trouxe também segurança jurídica e agilidade nos processos para as empresas privadas e também para as fundações. Dentre as vantagens trazidas pelo E-Social, Oliveira destacou a eliminação da transmissão de uma mesma informação para diferentes órgãos do governo, a simplificação no envio e correção de informações e a substituição dos processos manuais por processos automatizados. “No começo até pensamos que o E-Social tinha vindo para atrapalhar a nossa vida, mas passou-se um tempo e percebemos que trouxe muito mais benefícios do que problemas”, afirmou.
LGPD e Compliance
No segundo momento da oficina, o advogado Valério Pedroso Gonçalves, da consultoria jurídica da Finatec (DF), explicou a importância da implementação de programas de compliance e, igualmente, da atenção à LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018) – por partes das fundações de apoio.
Em vigência desde 2020, a LGPD tem o objetivo de estabelecer diretrizes para o tratamento de dados de pessoas físicas ou jurídicas com a finalidade de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade.
O descumprimento da LGPD pode acarretar em graves consequências legais, por isso o advogado recomenda atenção especial a essa questão nas fundações de apoio. “Temos que ter um cuidado na captura desses dados, na segurança dos nossos sistemas de informação”, alertou.
Já em relação ao compliance, Valério Pedroso destacou a importância das políticas de integridade para a reputação e para a credibilidade das empresas e fundações junto aos seus diferentes públicos. De acordo com o advogado, o programa de compliance deve ter o apoio irrestrito da alta gestão assim como o envolvimento de todos os colaboradores. “Dentro de uma estrutura de compliance, nós devemos ter a participação de todos os colaboradores para o sucesso do nosso programa. O mais importante não é o ‘como’, é o ‘com quem’”, afirmou.
A oficina contou com diversas dúvidas dos participantes, o que demonstra a relevância e a atualidade das temáticas abordadas para as fundações de apoio.
(Marília Almeida – Fundação RTVE)
Gerente de T.I da Fundação Fiotec (RJ) abordou o papel da tecnologia na gestão das fundações de apoio
As últimas décadas trouxeram mudanças expressivas no nosso cotidiano, especialmente no que diz respeito à inovação tecnológica. Essa rápida transformação causada pela integração de tecnologias digitais em diversos aspectos de nossas vidas é o que denomina-se de disruptura digital, uma realidade que vai além da simples adoção de tecnologias. Trata-se de uma redefinição do cotidiano, dos comportamentos e inclusive dos modelos de negócios. Esse foi o foco de discussão da oficina “Disruptura Digital – Estratégias de Transformação Digital, IA, Data & Science”, realizada no dia 1º de dezembro durante a programação do 6º CONFIES.
Ministrada por Evandro Maroni, gerente de Tecnologia da Informação da Fiotec (RJ), a oficina buscou demonstrar a importância de que as fundações de apoio se conscientizem e se adaptem a essa realidade, que, segundo ele, representa uma mudança cultural. “A tecnologia deve estar na sala de estar da organização, fazendo com que ela assuma o protagonismo”, afirmou.
Utilizando como referência o relatório da Gartner, uma das maiores empresas de pesquisa tecnológica do mundo, Maroni apresentou tendências do mercado que merecem atenção, como a Plataform Egineering, que é a disciplina de construir e operar plataformas internas de self service que servem como base para a construção de outras aplicações e serviços. Isso significa construir um sistema tecnológico robusto para servir como base para a construção de outros sistemas.
Segundo Maroni, as inovações tecnológicas devem ser utilizadas para otimizar o valor entregue pela equipe humana, estabelecendo um tecido conectivo que otimiza o uso de tecnologia inteligente, analisa a força de trabalho e aprimora habilidades para acelerar e escalar a construção de talentos.
Por fim, Maroni apresentou um trecho do vídeo “Porque a Inteligência Artificial ainda não é amplamente adotada?”, que aborda as potencialidades da IA e as questões ainda enfrentadas, como customização em cauda longa, ou seja, a capacidade de personalizar soluções para atender a uma ampla variedade de necessidades específicas, e as ferramentas de low code e no code, que são abordagens de desenvolvimento de software que visam simplificar e acelerar o processo de criação de aplicações.
(Marília Almeida – Fundação RTVE)
As atividades do 6º CONFIES começaram na quarta-feira (29 de novembro) com os fóruns na parte da manhã e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), fundação anfitriã, esteve à frente do Fórum dos Gestores. As discussões e apresentações foram em torno do tema “Governança, Gestão Estratégica e modelos de negócios”.
“Nós estávamos precisando de um fórum de gestores, e estou muito feliz em ajudar o CONFIES a fazer o primeiro de muitos que estão por vir. Como Superintendente da Finatec, eu dou boas vindas duplas aos presentes, sejam bem-vindos à nossa casa”, saudou Gustavo Condeixa, superintendente da Finatec, na abertura do evento.
As três instituições que se apresentaram abordaram 3 pilares de gestão: pessoas, processos e estratégias para que as Fundações de Apoio consigam atuar de forma transversal no atendimento de suas apoiadas.
Passeando pelas áreas e serviços da Finatec, o superintendente explicou que a reestruturação dos processos da fundação precisava ir lá na ponta inicial: o organograma da Finatec foi estruturado de forma a hierarquizar as tomadas de decisão. Até para que se tenha capacidade de fazer a variação dos pilares de determinados problemas.
“Nós construímos organograma de forma a tirar o nome dos cargos, a ideia é não colocar onde cada cargo está, até porque cargos mudam. A questão é comunicar para os nossos parceiros o que nós fazemos, por exemplo, a gerência de projetos da Finatec está na Administração de Projetos. Mas se a gente não quiser chamar de gerência de projetos, não fará diferença, e assim funciona para todos.”, comenta Gustavo Condeixa.
Trajetória de fundações de apoio
Já a Fundação Stemmer para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FEESC) foi instituída em contexto muito atípico: possibilitar a implementação do curso de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia Industrial, hoje Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. De lá pra cá, a Fundação se dedica a ser o elo entre a sociedade e a UFCS para gerenciar principalmente projetos de inovação e desenvolvimento tecnológico.
O diretor presidente da FEESC, Luiz Felipe Farias, apresentou a estrutura da Fundação e destacou que a gestão de processos baseada nas ferramentas digitais é o norteador para as ações de gestão como um todo: “A Fundação precisa desenvolver o caminho entre as partes – órgãos de fomento, órgãos reguladores e as ICTS –, e quando a necessidade é muito grande, além da capacitação, é necessário olhar para o desempenho. Quando se entra com transparência e mais habilidades, você tem mais capacidade de gestão e a transformação digital te possibilita a ter cultura de dados, celeridade e segurança da informação e com tudo isso estamos avançando.”
A legalidade das Fundações de Apoio está diretamente ligada ao pilar de estratégia, não tem como operacionalizar uma instituição sem aplicar o Compliance e ESG. As fundações de apoio à pesquisa muitas vezes lidam com financiamento público e privado. Esses programas asseguram que todas as atividades estejam em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis, garantindo a legalidade e ética nas operações.
Nesse contexto, o Professor Rodrigo Gava, diretor presidente da Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE), compartilhou como a fundação se organiza: “A nossa operação é muito grande e, com isso, precisamos pensar muito em planejamento, mesmo não sendo a parte mais legal de fazer. Por isso, é tudo baseado em metodologia ágil, muito inspirado no pessoal da TI, otimizando os processos de gestão de projetos.”
Boas práticas nas fundações de apoio
Representantes Conveniar, Paulo Freitas e Matheus Rabelo foram muito enfáticos na importância da estruturação de processos e sistemas para que as Fundações de Apoio consigam operacionalizar seus serviços. Segundo dados apresentados na ocasião, três Fundações não conseguiram passar pelo imbróglio da pandemia, pela falta de atualização das suas práticas, sistemas e processos, sem conseguir viabilizar uma operação remota.
Texto: Thainá Alves – Finatec
Parabéns para o CONFIES!!! São 35 anos de grandes batalhas para o fortalecimento das fundações de apoio em prol do avanço das pesquisas científicas e tecnológicas de nosso País!!!
A celebração de mais uma primavera do CONFIES foi celebrada na noite de ontem (5ª-feira, 30 de novembro) no decorrer das atividades do 6º Congresso Nacional do CONFIES, no espaço da Finatec, a fundação de apoio aos projetos da Universidade de Brasília!
O CONFIES nasceu em 18 de dezembro de 1988 com o objetivo de lutar para viabilizar a Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994 – a 1ª legislação das Fundações de Apoio que trata das relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica.
A trajetória do CONFIES, entre outros pontos, é marcada pelo fortalecimento das fundações de apoio e pela desburocratização da ciência brasileira.
Hoje as fundações de apoio afiliadas ao CONFIES (101 entidades) gerenciam mais de R$ 9 bilhões da atividade científica e tecnológica das instituições apoiadas. Ou seja, o segmento trabalha na gestação dos recursos da pesquisa para dar agilidade aos projetos e, por tabela, ajudar a promover o desenvolvimento cientifico e tecnológico nacional.
“São 35 anos de união da família CONFIES. Esse é o momento para fortalecer a nossa união para os próximos 35 anos! Parabéns ao CONFIES”, saudou ontem o presidente do Conselho, Antônio Fernando Queiroz, também Professor Titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e diretor da Fundação Fapex que apoia a UFBA e outras ICT´s do Estado.
(Assessoria de Imprensa)
Objetivo do concurso é premiar as melhores práticas de gestão das fundações de apoio de universidades públicas e demais instituições científicas e tecnológicas (ICT´s)
Criado em 2019 pelo CONFIES, o Prêmio Boas Práticas de Gestão das Fundações de Apoio de 2023 foi entregue, na noite de ontem (5ª-feira, 30 de novembro), aos melhores projetos científicos e tecnológicos gerenciados em 2022.
A entrega da premiação foi mediada pelo Presidente do CONFIES, Antonio Fernando Queiroz – no decorrer das atividades do 2º dia do 6º Congresso Nacional do CONFIES que se realiza no espaço da Fundação Finatec/UnB, em Brasília. O evento, iniciado na quarta-feira, 29, se encerrará nesta sexta-feira, 1º de dezembro.
Ao todo, concorreram ao prêmio este ano 29 projetos, dos quais cinco foram para as etapas finais.
Veja o ranking dos projetos premiados em 2023:
1º Lugar – Projeto: Conecta Fiotec: o podcast institucional – Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (*FIOTEC), do Rio de Janeiro (RJ);
2º Lugar – Projeto: FEC Sustentável – Fundação Euclides da Cunha (FEC), do Rio de Janeiro (RJ);
3º Lugar – Projeto: Plataforma PITT – Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE), Goiás (GO);
4º Lugar – Projeto: Funcamp em Movimento – Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (FUNCAMP), São Paulo (SP);
5º Lugar – Projeto: Central de Atendimento FAU – Fundação de Apoio Universitário (FAU), Minas Gerais.
OBJETIVOS
O objetivo do concurso é premiar as melhores práticas de gestão das fundações de apoio filiadas ao CONFIES. O CONFIES representa 101 fundações, responsáveis pela gestão de mais de R$ 9 bilhões destinados a projetos científicos e tecnológicos conduzidos por mais de 280 instituições apoiadas, entre universidades públicas e demais Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT´s).
AVALIAÇÃO TÉCNICA
Sob a coordenação da Presidência do CONFIES, a Comissão de Avaliação da premiação teve a participação de oito representantes de diferentes fundações filiadas.
(Assessoria de imprensa)
Palestrantes abordaram comunicação com imprensa e sociedade civil para otimizar ações de preservação da Amazônia e comunicação interna com colaboradores como aliada na unidade de discurso e fortalecimento das fundações
No primeiro Congresso Nacional do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies) presencial pós-pandemia da covid-19, profissionais responsáveis pela comunicação de fundações de apoio de todo o Brasil acompanharam nesta quarta-feira, 29, o Fórum dos Comunicadores conduzido por Lorena Filgueiras, da Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa do Pará (FADESP/PA).
A jornalista Janaína Campos, gerente de Comunicação Institucional da Fundação de Apoio à Fiocruz (FIOTEC), falou sobre o “Uso do podcast como estratégia de unicidade das práticas institucionais e alinhamento de linguagem”. O Conecta/FIOTEC, nome dado ao podcast interno criado pela equipe de comunicação, foi um dos produtos resultados do plano de ação desenvolvido após um levantamento de cenário interno da fundação e a percepção de que os próprios colaboradores falhavam em entender a atuação da FIOTEC.
Dentre os achados chaves na pesquisa interna, os colaboradores listaram como mais relevantes não conseguir acompanhar todos os conteúdos referentes às novidades; a necessidade de reciclagem interna e de reforço da marca institucional; e compreender o papel da FIOTEC enquanto fundação de apoio. A partir deste diagnóstico, realizado por agente externo, foram elaborados a Política e o Plano de Comunicação.
Janaína conta que o podcast veio pela facilidade de acesso ao canal, já que as pessoas poderiam escutar os programas durante o período de trabalho, sempre com a participação de membros da equipe que esclarecessem os temas de forma simples, didática e dinâmica.
“A ideia era fornecer conhecimento para os colaboradores internos primeiro, para que eles soubessem coisas básicas que trabalhamos no universos das fundações de apoio. Afinal, todos eles são porta-vozes”, relatou.
A diretora executiva participou do podcast, fortalecendo a iniciativa. “Se a diretora-executiva tirou um tempo para o podcast, quer dizer que ele é importante”, pontuou a jornalista, dizendo que 302 dos 340 colaboradores que atuavam na FIOTEC na época acompanharam os programas. O resultado do projeto foi extremamente positivo, gerando, inclusive, expectativas para os próximos. “Hoje as pessoas perguntam quando vem a segunda temporada”, comemorou Janaína. Segundo a líder de comunicação, a unidade de discurso foi alcançada internamente, melhorando o clima organizacional e o interesse dos profissionais pelas novidades e conquistas da própria instituição.
Comunicação para a preservação da Amazônia
Na abertura do Fórum dos Comunicadores, o jornalista Fábio Villela (TV Globo) e a doutora em ecologia Ima Vieira (Museu Paraense Emilio Goeldi/FINEP) participaram da mesa “Amazônia, futuro ancestral: comunicação científica, empática e preparada para a COP30”. A mediadora Lorena Filgueiras destacou a importância da temática, apoiada por projetos geridos por fundações. “A Amazônia é nosso grande manancial, a grande origem do material científico que trabalhamos em todo o Brasil. Com a Cop30, que acontece em Belém em 2025, todos os olhares convergem para o Brasil”, assinalou.
Enquanto repórter que cobriu a Amazônia por muitos anos, Fabiano ressaltou o desconhecimento ainda latente e a necessidade de entender as diferentes realidades dos espaços e povos da região para conduzir as coberturas jornalísticas: “Ainda achamos que é uma coisa exótica. Fui aprendendo com a experiência. Existem várias amazônias, que ocupa outros 8/9 países. Ouvir as expectativas das pessoas é o que deve nos orientar”.
A pesquisadora Ima Vieira apresentou dados devastadores de depreciação das terras amazônicas, apontando a urgência do fortalecimento de políticas públicas e de ações de conscientização para mitigar os impactos desta realidade ao futuro. “Perda de floresta significa perda de água e de carbono, há desregulação, como seca, cheias e alta de temperatura. É necessário governança sobre este tema”.
Texto: Monique Pacheco – Fundahc
“Faremos uma Conferência forte e poderosa e que a gente incite os pilares do desenvolvimento em um grande programa de ciência, tecnologia para o nosso País. Essa é uma tarefa coletiva.”
Na abertura do 6º Congresso Nacional do CONFIES, o titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDES/MCTI), Inácio Arruda, enalteceu o papel das fundações de apoio na gestão e execução dos projetos científicos e tecnológicos desenvolvidos pelas universidades e institutos federais de ensino e pesquisa.
O Secretário aproveitou o momento para convidar as afiliadas ao CONFIES para participarem da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que se realizar início de junho de 2024 (dias 03 e 04).
“Quero convidar todas as fundações de apoio para realizarem conferências livres e que se dirijam à direção de nossa Conferência dizendo que querem participar e opinar sobre o plano estratégico de ciência e tecnologia e de desenvolvimento de nosso País”, destacou o Secretário no evento aberto oficialmente na noite de ontem (quarta-feira, 29 de novembro), na Finatec, fundação de apoio da Universidade de Brasília (UnB), na capital federal.
“Faremos uma Conferência forte e poderosa e que a gente incite os pilares do desenvolvimento em um grande programa de ciência, tecnologia para o nosso País. Essa é uma tarefa coletiva”, disse.
O 6º Congresso Nacional do CONFIES será encerrado amanhã, sexta-feira, 01 de dezembro.
Assessoria de imprensa
Viviane Monteiro
“A burocracia tem se tornado a inimiga ‘número um’ da ciência, não é mais a falta de recursos”, disse Fernando Peregrino.
O chefe de gabinete da FINEP, Fernando Peregrino falou do compromisso do atual governo com a ciência brasileira – na abertura do 6º Congresso Nacional do CONFIES, em Brasília.
Representando a Finep, Peregrino mencionou o orçamento inédito de R$ 10 bilhões da agência este ano para o desenvolvimento da ciência e tecnologia.
Para ele, o orçamento deixou de ser o vilão da ciência no atual governo. “A burocracia tem se tornado a inimiga ‘número um’ da ciência, não é mais a falta de recursos. É sobretudo a burocracia que consome 35% do tempo do cientista com emaranhado de leis que se chocam uma contra outras e que, no fim, quem perde são a ciência e o cientista”, criticou Peregrino, também presidente Honorário do CONFIES.
Dos R$ 10 bilhões previstos para todo o ano de 2023, segundo Peregrino, já foram aplicados R$ 3,6 bilhões de recursos não reembolsáveis em projetos (de um total de R$ 5 bilhões). Já na modalidade de fomento reembolsável, a FINEP liberou quase R$ 6 bilhões em operações de crédito para empresas (pequenas, médias e grandes) na tentativa de “virar a roda da inovação”.
Aos olhos de Peregrino, o 6º Congresso Nacional do CONFIES se realiza no 1º ano de um governo que abraçou a ciência. “Há pouco tempo a universidade pública enfrentava agruras e o atual governo está dando mostra de que pode alavancar a ciência para um patamar muito elevado”.
Peregrino enalteceu ainda o papel crucial das fundações de apoio para o avanço cientifico e tecnológico do País. “As fundações preenchem o vazio da chamada tríplice hélice: governo, universidade e empresa. Sem a fundação não há projeto”.
Ele finalizou sua participação, no evento, defendendo ainda um assento das fundações de apoio no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) da Presidência da República, ao lado de outras entidades do setor que já participam do órgão.
(Viviane Monteiro/ Assessoria de Imprensa)