Durante o segundo dia de programação da 7ª edição do Congresso Nacional do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (CONFIES), que nesta edição apresenta o temática “As Fundações no Apoio ao Brasil do Futuro: Neoindustrialização, inovações tecnológicas e sociedade”, a primeira mesa de discussões apresentou temas relacionados a Saúde do Trabalho no Eixo da Sociedade, foi mediada pela Diretora Executiva da Fundação do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, Profa. Dra. Lucilene Maria de Sousa.

A mesa contou com a participação do Coordenador-Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Sr. Luís Henrique da Costa Leão, apresentando a visão do Ministério das Saúde no que se refere aos ambientes de trabalho. “Esse tema da saúde do trabalhador e da trabalhadora é absolutamente indispensável e precisamos sempre trazê-lo à tona para discussões, por se tratar de um problema histórico. Um objetivo da nossa política é promover ambientes de trabalho saudáveis e por isso criamos os CEREST’s dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, que são os Centros de Referência em Saúde do Trabalho (CEREST), que estão espalhados pelo Brasil, sendo 180 regionais, 20 municipais e 27 estaduais. Estes centros são locais de atendimento especializado em Saúde do Trabalhador e que tem condição de indicar se as doenças ou os sintomas das pessoas atendidas estão relacionados com as atividades que elas exercem, na região onde se encontram. Além disso, preocupados principalmente com a saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, o Ministério está desenvolvendo, além de outros programas, um Plano Nacional de Vigilância de Óbitos, que mesmo sendo um assunto um pouco delicado de apresentarmos aqui, é extremamente relevante e necessário, porque este plano trata do controle de mortes de trabalhadores e trabalhadoras, e que estes tem sofrido cada vez mais com a falta do direito de ter direito, ficando cada vez mais fora da mesa dos direitos, local que todo trabalhador deveria estar”, ressaltou o coordenador.

Luís Henrique Leão chamou atenção quanto ao desrespeito cotidiano existente na relação saúde-trabalho, e que isso se trata de uma construção histórica e que afeta de forma direta a vida dos trabalhadores na condição social de liberdade e dignidade e disse: “O mundo do trabalho tem extraído a potencialidade de liberdade dos trabalhadores e trabalhadoras, onde grande parte dos gestores no mundo contemporâneo, mundo este que infelizmente tem construção histórica voltada para escravismo, devem se atentar quanto a urgente necessidade de construção de políticas internas de atenção e democracia para os trabalhadores, afinal de contas, sabemos que ambientes de trabalho democráticos são mais produtivos e saudáveis.”

A procuradora do Ministério Público do Trabalho-RJ e vice-coordenadora nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Codemat), Juliane Mombelli, também participou da mesa, e na oportunidade falou sobre o papel do ministério e suas particularidades atuando na defesa do meio ambiente do trabalho e da saúde do trabalhador e da trabalhadora principalmente através da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat), nas ações em atenção ao trabalho portuário e aquaviário através da Coordenadoria Nacional de Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), na busca por igualdade nas relações de trabalho pelo programa Coordigualdade, ações visando a erradicação do trabalho escravo através da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), e também buscando erradicar o trabalho infantil pela Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância),  as atividades de combates as fraudes nas relações de trabalho através da Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho (Conafret), a busca pela liberdade Sindical através da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis) e o combate nas irregularidades na Administração Pública pelo Conselho Nacional Parlamentar (Conap). “Através dos acompanhamentos e pesquisas que temos realizado, conseguimos reunir dados estarrecedores, no que se refere ao crescente número de jovens, de 18 a 24 anos, que adoecem ou se acidentam nos ambientes de trabalho. E um outro ponto de nossa atenção refere aos números de óbitos de trabalhadores no Brasil que são assustadores e nos revelam que a saúde do trabalhador dentro do ambiente de trabalho não tem a atenção merecida”, reforçou a procuradora.

Outro ponto apresentado pela Sra. Juliane, se tratava da precarização no Brasil, e que faz com que trabalhadores adoecidos não se afastem dos ambientes de trabalho pelo medo de serem demitidos, e paralelo a isso, as empresas buscam cada vez mais mecanismos de redução de custos, e não se atentam aos trabalhadores e suas saúdes. “Jornadas elastecidas e/ou jornadas exaustivas, que configuram até trabalho escravo, são fatores atuais que mais impactam na saúde mental dos colaboradores”, pontuou Mombelli.

Outro projeto apresentado pela procuradora do MPT foi o Programa de Educação Ambiental aplicado a Segurança e Saúde dentro das escolas, que foca na educação escolar como preparação de crianças, adolescentes e jovens para o mundo do trabalho decente, sustentável, seguro e saudável. Desta forma, quando essas crianças, adolescentes e jovens forem introduzidos ao mercado de trabalho, não se submeteram a atividades desvalorizacionais.

Cristiane Sendim, Diretora-Executiva da Fiotec, participou da mesa de discussão e abordou o tema “desafios pós pandemia para uma fundação de apoio” e contou a experiência de construção e funcionamento do centro de referência do hospital Covid da Fiocruz e os desdobramentos que impactam o cotidiano da fundação até hoje.

Na época da pandemia, 2.600 profissionais foram contratados em tempo recorde para ampliação e adequações de acordo com as exigências da segurança do trabalho. “Quando retornamos, criamos um grupo de trabalho em multidisciplinar para acompanhar os profissionais, que tinham medo e ansiedade ao retorno de trabalho presencial. Promovemos palestras, produzimos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), protocolos de segurança e distanciamento”, conta, reforçando que a equipe do SESMT e da Gestão de Pessoas ficava, a todo tempo, acompanhando e afastando os colaboradores a qualquer sinal de problema respiratório.

Assim, conforme pontuou Sendim, as pessoas se sentiam confortáveis para retornar a um ambiente salvável e seguro e esta realidade impactou as rotinas na Fiotec como um todo a fim de garantir o cuidado integral do trabalhador. “Seguimos desenvolvendo estratégias e planos de contingência no âmbito da saúde como um todo, com programas de promoção ao bem-estar físico, mental e social”, contou.

De acordo com a médica Fernanda Serrão, da Fapex/BA, que também foi uma das componentes da mesa, a atenção à saúde ocupacional é essencial para todas as organizações, independentemente do tamanho ou do setor em que atuam, incluindo fundações de apoio. Ela destaca que garantir o bem-estar físico e emocional dos colaboradores não é apenas uma obrigação legal, mas também uma estratégia que fortalece a relação entre empresa e funcionários, minimiza acidentes e doenças, e contribui para a qualidade de vida no ambiente de trabalho.

Serrão observa que quando uma organização se preocupa em oferecer um espaço de trabalho saudável e seguro, o índice de rotatividade – conhecido como turnover – tende a diminuir. Isto ocorre porque trabalhadores saudáveis e bem cuidados são mais produtivos e engajados, o que reflete diretamente no desempenho da equipe e na reputação da instituição.

Além disso, a gestão focada na saúde ocupacional pode ajudar a atrair talentos qualificados, fortalecendo a imagem da organização. “A boa prática da saúde ocupacional e de garantir qualidade de vida aos seus colaboradores pode levar a animar, a ser elevar a imagem da empresa, e se fortalece quando o negócio demonstra cuidado com seus funcionários”, afirma Serrão.

Por isso, as Fundações de Apoio – e qualquer empresa – devem priorizar a saúde ocupacional como parte de sua estratégia de gestão, assegurando não apenas o cumprimento das normas legais, mas também o desenvolvimento de um ambiente de trabalho mais humano e produtivo.

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