A mesa “Como as Fundações de Apoio podem subsidiar a implementação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PIBIA)” abriu os trabalhos do último dia do 8º Congresso Nacional do Confies. Moderada por Evandro Maroni, da gerência de Tecnologia da Informação da Fiotec, a mesa teve a participação do diretor do departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital (DECTI/MCTI), Hugo Siqueira, do professor do Instituto de Informática da UFG, Anderson Soares, e do diretor da Fundep, Walmir Matos Caminhas.
Hugo Siqueira apresentou a todos o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, uma evolução da estratégia brasileira de IA, agora com foco em ações planejadas e governança articulada. Segundo ele, o Brasil tem vantagens como a população jovem e ágil na adoção de tecnologias, a diversidade de bases de dados nacionais e a capacidade instalada de pesquisa e desenvolvimento. “Nós temos uma diversidade grande de bases de dados nacionais. Temos uma perspectiva mundial em que o Brasil está bem colocado”, afirmou. Entretanto, existem desafios que precisam ser enfrentados, como a necessidade de maior estrutura computacional, assim como a formação e a qualificação dos recursos humanos.
Em sua fala, Anderson Soares ressaltou o momento histórico e urgente do Brasil na corrida tecnológica de IA, lembrando que não podemos repetir os erros cometidos em atrasos nas revoluções industriais anteriores. Segundo ele, apesar do capital científico encontrado nas universidades brasileiras, há entraves operacionais graves, como a lentidão administrativa. “As Fundações são o melhor instrumento para atacar esse gargalo”, pontuou. Por isso, ele alertou que é urgente atualizar a Lei das Fundações de Apoio. “Ao meu ver, é mais urgente do que a Lei de IA”, completou.
Com base em sua experiência na Fundep, Walmir Caminhas explicou que as fundações já desempenham atividades essenciais neste cenário, como gestão de bolsas, aquisição de equipamentos e transferência de tecnologia e capacitação, mas trouxe uma nova perspectiva para a discussão. Além das Fundações de Apoio serem indispensáveis para o avanço da IA no Brasil, também é importante pensar em como a IA pode ser uma ferramenta importante para a gestão das Fundações, por exemplo para agilizar processos de compras.
Sistemas de organismos de fomentos e Comunicação Institucional
O último dia de encontro contou também com duas oficinas. Uma voltada para os profissionais que tinham interesse em conhecer o funcionamento do Sistema de organismos de fomento (Sisgon) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o novo Sistema de Gestão de Investimentos em Tecnologia da Petrobras, o Sigitec. E outra com foco em comunicação institucional e relacionamento com stakeholders.
Na primeira oficina, moderada pela professora Silvana Coleta, diretora-executiva da Fundação RTVE, os participantes acompanharam explicações detalhadas da gerente de Infraestrutura e Tecnologias Sociais da Finep, Tatiana Ponte Castelo Branco, sobre o Sisgon, desde orientações de como acessar a plataforma até como fazer alterações em um plano de trabalho, documentações necessárias, além de esclarecimento de dúvidas. Também participaram do painel o analista da Finep, Miguel Brito de Andrade, e a gerente de Gestão de Operação de Crédito da Finep, Ana Czeresnia Costa.
O gerente setorial de Conexões com Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) da Petrobras, Pedro Ivo Campos, fez sua participação de forma remota apresentando resultados do programa “Conexões para Inovação”, que nos últimos seis anos já reuniu mais de 10 mil pesquisadores e é um case de inovação aberta da instituição. Pedro também trouxe orientações sobre o novo Sigitec e como os pesquisadores podem participar dos editais disponíveis na plataforma. “Atualmente são mais de 900 parcerias em andamento”, destacou.
Já a oficina “Comunicação Institucional e Relacionamento com Stakeholders”, moderada por Bruno Portella (Fundep/Confies), abordou como a comunicação pode auxiliar as Fundações de Apoio a manterem relacionamentos estratégicos com parceiros e públicos de interesse.
Na oficina, a presidente da Fapese e jornalista Maíra Bittencourt apresentou a importância de que cada Fundação de Apoio construa seu próprio Plano de Comunicação, com base na Política de Comunicação que está sendo elaborada pelo CONFIES. Segundo ela, o Plano vai auxiliar as Fundações a estabelecerem suas metas específicas de comunicação, ainda que não tenham um departamento de comunicação instituído.
Já Andrea Gozetto, coordenadora acadêmica na Fundação Getúlio Vargas, explicou quais são os principais atores-chave de uma organização e apresentou um passo-a-passo para identificar esses stakeholders de uma temática específica. Após a apresentação da teoria, a oficina contou com uma atividade prática para que os participantes pudessem exercitar a identificação dos stakeholders com base em um exemplo real relacionado ao PLP 108/2024.
Pacto Brasil
A última palestra do encontro de 2025 abordou o tema “Compliance, Integridade e Programa Pacto Brasil pela integridade Empresarial”, com as palestrantes Monique Zuidema, coordenadora-geral de promoção de integridade privada da Controladoria-Geral da União (CGU); Ana Cláudia Figueiredo, analista financeira da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex) e Bruna Toledo Piza Magacho, consultora da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape).
Monique falou do papel estratégico da CGU no fortalecimento da gestão pública e na promoção da integridade e transparência. Segundo ela, a atuação do órgão abrange diversas frentes: auditoria interna, controle, correição, ouvidoria e acesso à informação – trabalhando de forma integrada para apoiar a governança e o uso responsável dos recursos públicos. “Buscamos constantemente aprimorar a gestão, evitando desperdícios e assegurando que os recursos públicos sejam aplicados de forma eficiente e de forma alinhada ao interesse coletivo”, afirmou.
A coordenadora também falou da parceria firmada com o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), que assume o papel de apoiador institucional do programa “Pacto Brasil pela Integridade Empresarial – Pacto Brasil”. Ana Cláudia falou da experiência do processo para adesão da Fapex ao Pacto Brasil, com realização de treinamentos, mapeamento de risco, criação do canal de denúncias, elaboração do código de ética, e reforçou a importância das outras fundações buscarem essa adesão ao programa, que reforça o compromisso das fundações de apoio com a transparência e a ética em seus processos.
Bruna Pisa também apresentou como a mudança da cultura, por meio de processos, tem trazido resultados positivos para a Funape. O modelo é estruturado em dez engrenagens que se complementam e garantem a efetividade do programa. “Integridade não é apenas um requisito formal, é um compromisso diário que precisa estar presente em todas as decisões da instituição, começando pela alta administração. Nosso sistema foi pensado para promover uma cultura de ética, diversidade e inclusão, fortalecendo a confiança nas relações com o poder público e com toda a sociedade”, afirma.
Encerramento
Depois de três dias intensos de atividades, o 8° Congresso Confies foi encerrado pelo assessor institucional do Confies, Bruno Portella, que agradeceu a cada um dos participantes, patrocinadores, painelistas, autoridades e colaboradores do encontro.
“Encerramos mais uma edição do Congresso Nacional do Confies, e, ao fazê-lo, reafirmamos o compromisso que nos une: fortalecer o papel das Fundações de Apoio como protagonistas no ecossistema de ciência, tecnologia e inovações do nosso país. Foram dias intensos de debates, trocas e aprendizados, nos quais revisitamos os desafios que o país enfrenta na gestão da ciência e da inovação, mas também celebramos conquistas e avanços que mostram o quanto as fundações são indispensáveis à construção de um futuro mais sustentável, justo e inovador”, destacou.
Bruno fez questão de lembrar e agradecer também todo o empenho do presidente Antônio Fernando Queiroz, que por motivo de saúde não pôde estar presente no evento, mas que se dedicou por meses para o sucesso do encontro, juntamente com a vice-presidente, Sandramara Matias.
Nos vemos em 2026, no 9º Congresso Nacional Confies!