Peregrino participou nesta sexta-feira, 17, do V Encontro Norte e Nordeste de Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (ENNFAIES), realizado este ano pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), no Hotel Holiday Inn, em Natal
Em entrevista à Radio CBN de Natal, o presidente do CONFIES, Fernando Peregrino fez uma análise sobre a crise universitária e reforçou que pontos do Future-se violam à autonomia constitucional das instituições federais de ensino (IFES), diante de possíveis contratos de gestão por intermédio de organizações sociais (OSs), previstos no projeto do Ministério da Educação (MEC). O Estado de São Paulo divulgou nesta quinta-feira, 26, que a maioria das universidades federais rejeita o Future-se, diante do temor de possível perda da autonomia acadêmica e financeira, uma vez que os contratos seriam fechados com OSs, o que endossa o posicionamento do CONFIES desde o lançamento do programa.
“Pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988, as universidades federais são autônomas do ponto de vista pedagógico e de gestão financeira. Mas o Future-se trouxe um instrumento extremamente ofensivo a esse dispositivo Constitucional. Não são os reitores (somente) que estão reclamando; somos todos nós e a Constituição Federal de que o Future-se não tem nesse aspecto sustentação jurídica”, analisou Peregrino, depois de participar nesta sexta-feira, 17, do V Encontro Norte e Nordeste de Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (ENNFAIES), realizado este ano pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), no Hotel Holiday Inn, em Natal (RN).
Conforme Peregrino, a proposta de colocar uma entidade chamada organização social, conforme consta do artigo 1º do projeto do MEC, para substituir a gestão das atividades universitárias – por uma organização privada externa – põe em risco todo o processo autônomo de uma universidade de pesquisa.
“É uma violência a iniciativa de violar a Constituição e atribuir o poder da universidade a uma entidade que nada tem a ver com o processo de gestão acadêmico científico dela como existe no mundo inteiro.”
Peregrino também falou sobre a burocracia na pesquisa, fator que, segundo disse, trava o desenvolvimento científico e tecnológico do País, além de gerar desperdício bilionário de recursos públicos.
“Hoje um cientista do Brasil gasta em média 35% do tempo com trabalhos burocráticos que nada ajudam no desenvolvimento da ciência, sejam químicos, biólogos, engenheiros. Para se ter uma ideia, hoje o Brasil tem 200 mil pesquisadores sêniores, mas desse total se perdem 70 mil pesquisadores (35%) com trabalhos que nada tem a ver com pesquisa e ciência”, disse. “Um país como o nosso não pode jogar o trabalho desse contingente de pesquisadores fora. Isso é um desperdício de gastos para a população”.
Peregrino discorreu ainda sobre a crise econômica que atingiu “em cheio” o setor da educação do Brasil. Confira a entrevista na íntegra no link: WhatsApp Audio 2019-09-27 at 15.55.30 peregrino
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