Pesquisador da COPPE teme que pontos do relatório do senador prejudique projetos conduzidos principalmente com verbas da Aneel, entre eles o desenvolvimento e testes de ônibus urbanos com tração elétrica

O CONFIES (Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica) e a COPPE/UFRJ pedem que senadores rejeitem pontos do relatório do senador Marcos Rogério ao projeto que permite a portabilidade da conta de luz (PLS 232/2016). Esse projeto – o primeiro item da pauta da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado desta terça-feira, 26 –, pode trazer perdas de quase R$ 1 bilhão aos projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das universidades federais e centros de pesquisa, segundo as duas instituições.

Isso porque, pela lei em vigor, as distribuidoras de energia elétrica devem aplicar, pelo menos, 0,75% de sua receita operacional líquida em programas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do setor elétrico, o equivalente a quase R$ 1 bilhão ao ano. Segundo o presidente do CONFIES, Fernando Peregrino, o parágrafo 6º do artigo 4º do relatório do senador Rogério acaba com esses recursos, podendo agravar mais ainda a crise orçamentária das universidades públicas e centros de pesquisa, responsáveis por quase 100% das pesquisas cientificas realizadas no Brasil.

Preocupado com os eventuais efeitos negativos da proposta, o presidente do CONFIES encaminhou carta ao senador Izalci Lucas (PSDB-PR), vice-líder do governo, em que solicita a rejeição ao parágrafo 6º do artigo 4º do substitutivo de Rogério. Peregrino faz ainda um apelo a todos os senadores da Comissão de Serviços Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado para que rejeitem esse parágrafo.

“Esses recursos, avaliados em R$ 1 bilhão ao ano, têm sido aplicados em pesquisa sobre sistema mais econômicos de energia, fontes de geração alternativas limpas, maior eficiência na transmissão e etc. Aplicar esses recursos em P&D significa gerar novos conhecimentos tecnológicos, aumentar nossa produtividade e a capacidade de gerar startups”, exemplifica Peregrino, também diretor executivo da Fundação Coppetec, vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Com posionamento semelhante, o professor titular da COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), da UFRJ, Paulo Emílio Valadão de Miranda teme que o relatório do senador Rogério prejudique o andamento de projetos conduzidos principalmente com verbas da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Um deles é o desenvolvimento e testes de ônibus urbanos com tração elétrica.

“A verba de investimento da Aneel é essencial para os nossos trabalhos de pesquisas científica e tecnológica, em um país onde são escassos os recursos para essa área e onde as empresas privadas ainda têm um portfólio de investimento bastante limitado”, alerta o pesquisador, diretor do Laboratório de Hidrogênio da Coppe e responsável pelo Programa de Engenharia de Transportes e do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais.

Assessoria de imprensa
Viviane Monteiro
61 9 8374-7656

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