No evento, o  secretário da SESU, Lima Júnior, reconheceu o erro no projeto inicial do Future-se, de não  ter colocado no início as fundações de apoio e na forma de ter abordado os reitores. No debate, reitores defenderam  novos ajustes na minuta do projeto

Painel sobre o Future-se no 2º Congresso do CONFIES

O projeto Future-se, anunciado em julho pelo Ministério da Educação (MEC), centralizou nesta quinta-feira, 7, o debate do 2º Congresso Nacional do CONFIES – Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica, que se encerra nesta sexta-feira, 8, na FINATEC, fundação de apoio da UnB, em Brasília. O evento reuniu dirigentes de quase 100 fundações de apoio e um público de  quase  300 pessoas.

Ministrado pelo presidente do CONFIES, Fernando Peregrino, o painel sobre o Future-se reuniu, pela primeira vez desde o anúncio do projeto, todas as partes interessadas no tema. A reitora Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida; a vice-reitora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Graciela Inês Bolzón de Muniz; o Secretário de Educação Superior (SESU) do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior; e o Secretário Federal de Controle Interno da Controladoria Geral da União (CGU), Antônio Carlos Bezerra Leonel.

Peregrino voltou a defender a importância de o projeto assegurar a autonomia universitária que corre risco pelos contratos de gestão com organizações sociais. Depois de muita polêmica, o Future-se incluiu as fundações de apoio junto com as OS na 2ª versão do projeto, a ser encaminhado ao Congresso Nacional.

O secretário da SESU, Lima Júnior, reconheceu o erro na proposta inicial do Future-se. “A qualidade do ser humano é admitir o seu erro, porque errar é evoluir. Errei em não ter colocado no início as fundações de apoio e na forma de ter abordado os reitores. Mas errar mesmo seria ter ficado parado, porque isso tem um custo”, disse.

Titular da SESU, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior

O secretário afirmou, porém, que sempre está de portas abertas para aprimorar o projeto Future-se, considerando que o debate só traz ganhos ao objetivo de melhorar o ensino superior no Brasil.

“O Future-se, ao incentivar o empreendedorismo e a autonomia financeira das universidades e institutos federais, enche o futuro de possibilidades. Às vezes, ficamos presos ao curto prazo, das restrições fiscais que temos, por exemplo. No entanto, olhando para o longo prazo e para o potencial que temos, entendo que o país tem muito a ganhar com uma educação de qualidade, especialmente com o Future-se”, afirmou.

Segundo Lima Júnior, o projeto passará por nova consulta pública antes de ser encaminhado ao Congresso como projeto de lei em regime de urgência.

Reitores querem novos ajustes

A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, afirmou que houve avanços na 2ª versão do Future-se, mas que o documento não garante ainda a autonomia constitucional das universidades. “Mesmo na Constituição essa autonomia não é qualificada. Precisamos pensar em uma lei orgânica das universidades e que respalde todos os atos de autonomia universitária”, disse ela, reiterando que a UFMG criou grupos de trabalhos para estudarem o Future, a Lei dos Fundos Patrimoniais e os problemas das legislações em vigor que engessam as operações das universidades federais. “As nossas equipes estão amedrontadas em razão da interpretação dada as leis em vigor”, disse.

Sandra apontou como avanço, na 2ª versão do projeto, a garantia de que o Future-se representaria recursos adicionais para o sistema e não implicaria nos recursos orçamentários. Outro avanço, segunda ela, é a inclusão das fundações de apoio. “Tudo que está colocado no Future-se nós já fazemos há muito tempo com muita eficiência. O que nós queremos é fazer mais, ter condições para fazer mais”.

Sandra disse, porém, que não está claro, no projeto, como seriam os critérios para os contratos e desempenho. “É preciso que tudo isso garanta autonomia universitária. A minha procuradora alertou para tomar cuidado sobre qualquer documento que eu assinasse, porque  eu poderia abrir mão dessa autonomia constitucional. Por isso, precisamos de esclarecimentos sobre os contratos de desempenho”, disse Sandra que ainda aponta dúvidas sobre como funcionariam os fundos previstos no Future-se.

A reitora da UFMG defendeu ainda que a minuta do Projeto contemple a diversidade das instituições de ensino, já que cada universidade tem demandas diferentes.

Já a vice-reitora da UFPR, Graciela, afirmou que a minuta da 2ª versão do projeto ainda precisa ser melhorada para atender as lacunas das universidades públicas que precisam se reestruturar para oferecer à sociedade e à indústria um melhor sistema de ciência e tecnologia. “Sempre brinco que as universidades têm que ser preparadas para ser 5.0, a frente da indústria 4.0”, disse.

Controle sob críticas

Presidente do CONFIES, Peregrino criticou o atual modelo de controle que engessa a pesquisa científica do país trazendo prejuízos para o avanço da ciência, tecnologia e inovação. “É preciso fazer um controle que não amarre a pesquisa, porque senão o Brasil continuará de joelhos na economia, participando com 1% do mercado internacional, por não ter produtos de maior valor agregado, produtos com conhecimento e indústrias de ponta, enquanto países como a China, que há 30 anos participavam com 1% do comercio mundial, hoje ocupa 13% do total mundial”, criticou.

O secretário da CGU, Leonel, fez uma análise sobre eventuais mudanças nos critérios de controle a partir do projeto Future-se. Segundo ele, hoje a legislação praticada pelos órgãos de controle é a Lei 8666/93, utilizada em licitações e contratos administrativos principalmente pelas fundações de apoio na gestão das compras das universidades públicas e institutos de pesquisa. O secretário da CGU reconheceu que essa legislação exige forte atuação dos órgãos engessando a produtividade que estagnada há quase 40 anos.

“Hoje a lei utilizada pela maioria das estatais é a 8666, que se fosse boa não terminava com três seis. O problema não são os auditores, mas sim o critério que foi dado. A legislação é antiga e não aderente à modernidade”, afirmou.

Para Leonel, pelo projeto Future-se, as universidades poderiam trabalhar com a Lei das Estatais, pela qual poderiam buscar mais eficiência e resultados, já que poderiam fazer os próprios regulamentos de compra.

Palestrantes do painel sobre o Future-se

Já o secretário da SESU disse ser simpatizante do controle. “Também comentos erros de entender que o controle controla passados. Precisamos de um sistema de supervisão baseado no risco e em que a gente possa sempre se pautar pelo resultado”, disse.

No final do debate, todos os palestrantes do Painel receberam homenagem pela participação no 2º Congresso Nacional do CONFIES – Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica

Viviane Monteiro/CONFIES

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